Quando uma pessoa passa a enxergar uma figura pública como um novo messias, isso é um sintoma de uma consciência cauterizada.
É fácil notar que uma grande parcela da população quer evitar a autorresponsabilidade —, isso também explica a facilidade com que uma pessoa adota uma ideologia política ou enxerga uma figura pública como um símbolo de redenção social.
Você pode demonstrar as contradições de uma ideia, mas é uma tarefa quase impossível convencer um ignorante de que suas paixões políticas são destrutivas.
Eu tinha dificuldade em entender por que o povo brasileiro desenvolveu uma tendência de idolatrar figuras públicas.
No auge das discussões políticas brasileiras, busquei entender o fanatismo desnudo que ascendia em velocidade assustadora.
No ano de 2017, lancei um e-book chamado “Entardecer no Ocidente”. Em um dos capítulos, criei um conceito filosófico que nomeei de “afeição abstrata”.
Ao elaborar este termo, pensei justamente nas ilusões que as ideologias modernas proporcionam e cheguei à seguinte conclusão: é mais fácil querer salvar o mundo do que se importar em ser um bom marido, um bom filho e um bom cidadão.
Perceba que a mera defesa de uma ideologia pode ser simplesmente uma fuga de uma responsabilidade pessoal.
As ideologias são meras abstrações —, são mentiras convenientes —, a desculpa perfeita para quem não deseja se preocupar em resolver os problemas rotineiros que a vida lhe impõe.
Os ignorantes pensam ter a solução de todos os problemas sociais, mas não são capazes de solucionar seus próprios dilemas.
Muitos adotam uma causa que está muito além do seu campo de ação e ignoram o sofrimento visto ao seu redor. É mais fácil ser um sofista que encanta multidões do que agir como um bom samaritano.
Não é difícil perceber que o desenvolvimento social é prejudicado precisamente porque ignoramos o que está diante de nossos olhos.
Outro ponto importante nesta argumentação é que as ideologias destroem a individualidade. Ao adotar uma causa utópica, você passa a falar, a pensar e a agir nos moldes do grupo que desejou aderir. Este é o perigo do chamado coletivismo — a perda da individualidade —, o fim da consciência.
Quais são as raízes da ignorância humana? Penso que existem várias fontes de ignorância e estupidez, mas identifico nas ideologias utópicas uma das mais devastadoras fontes de alienação.
Obviamente, escolhas e consequências são fatores inerentes a existência humana —, cada cidadão é munido do direito de defender ideias as quais considere pertinentes. Mas o ponto crucial talvez seja que muitos cristãos tenham se tornado mais militantes políticos do que intercessores.
Nossa nação precisa de nossas orações —, neste momento histórico —, estas são mais necessárias do que nunca.
Texto de “Jonathas H. Pocidonio”
Lagoa Santa, 8 de junho de 2025.